Governos da LAC têm a chave para estimular a produção de SAF na América Latina e no Caribe
O CEO da ALTA participou da Reunião de Diretores Gerais de Aviação Civil
11 abr. 2023

Santiago do Chile, 11 de abril de 2023 - Paraguai, Panamá e Brasil são os únicos países da América Latina e do Caribe onde atualmente existem projetos para a produção de combustível de aviação sustentável (SAF), insumo que permitirá à indústria da aviação alcançar a meta de emissões líquidas zero até 2050, afirmou José Ricardo Botelho, diretor executivo e CEO da ALTA, durante o Encontro de Diretores Gerais da Aviação Civil, organizado pelo escritório regional sul-americano da Organização Internacional de Aviação Civil (ICAO).
Durante a sua apresentação, Botelho apresentou os dois grandes desafios atuais para o desenvolvimento do setor. Por um lado, a urgência de aumentar a disponibilidade de SAF, uma vez que a indústria mundial vai exigir uma produção anual de 449 mil milhões de litros até 2050 para ser abastecida. Por outro lado, os altos preços de aquisição, já que, em 20 de março de 2023, o SAF era 2,3 vezes mais caro que o combustível comum, segundo dados da S&P Global Commodity Insights.
“Ambos os desafios podem ser enfrentados com produção local”, comentou o CEO da ALTA, que reiterou que a LAC tem potencial para produzir um número suficiente de SAF para a descarbonização da aviação na região. “A América Latina e o Caribe têm a maior quantidade de matéria-prima para produzir SAF no mundo. É uma posição privilegiada que temos que aproveitar. E não só para disponibilizar o insumo que vai descarbonizar o transporte aéreo, mas também para gerar milhões de empregos que beneficiam a população.”
Segundo Botelho, para atingir o objetivo é fundamental um trabalho articulado entre indústria, produtores e governo.
“O apoio do governo é essencial neste momento. A segurança jurídica é o segredo para atrair investimentos de longo prazo. Por outro lado, incentivos econômicos estimulam a produção e o consumo de SAF e, da mesma forma, geram mais pesquisa e desenvolvimento (P&D) na cadeia produtiva desse tipo de combustível. Esse conjunto de medidas gera avanços e promove a produção em larga escala, o que leva à redução dos preços unitários do SAF. Se a região não se tornar produtora, vai se consolidar como exportadora de matéria-prima que depois importa o SAF para sua utilização”, acrescentou.
Um marco legal inteligente e alinhado com as necessidades do mercado regional poderia mudar as regras do jogo e a história da América Latina e Caribe, região que hoje se apresenta como grande exportadora de matérias-primas para a produção desse combustível.
“Este é um momento crucial para mudar as regras do jogo, é hora de governos e indústria trabalharem juntos. Por isso, parabenizamos o escritório ICAO SAM por promover esses espaços de discussão e trabalho colaborativo. Estou convencido de que a América Latina e o Caribe podem atingir seu grande potencial, sem custos adicionais que prejudiquem uma indústria já duramente atingida pela pandemia. O SAF será um grande gerador de empregos e renda para a região, ao mesmo tempo em que permitirá alcançar a sustentabilidade do transporte aéreo”, destacou Botelho.