Indústria aérea defende políticas públicas que incentivem a produção sustentável de combustíveis
A incorporação da SAF pode reduzir as emissões de carbono do transporte aéreo em 60%. A América Latina tem potencial para ser uma região líder na produção de combustível de aviação sustentável, mas requer uma política pública clara e harmonizada
21 out. 2022
Buenos Aires, 21 de outubro de 2022. A descarbonização do transporte aéreo é um compromisso das companhias aéreas da América Latina e do Caribe. Por isso, durante o Alta AGM & Airline Leaders Forum, organizado pela Associação Latino-Americana e Caribe de Transporte Aéreo (ALTA), foi desenvolvido um painel sobre a oportunidade de a América Latina ser um mercado competitivo para a produção e distribuição da SAF, combustível de aviação sustentável, um componente fundamental para alcançar a meta de zero emissões até 2050.
Louise Burke, Vice-Presidente Global de Aviação e Biocombustíveis da ARGUS, foi a moderadora do painel onde Erasmo Battistela, CEO da BSBIOS; Juan José Toha, Diretor Corporativo e Sustentabilidade LATAM Airlines; Manuel Macedo, Presidente da Honeywell América Latina e Thorsten Lange, EVP Aviação Renovável NESTE.
"Será necessário reunir fornecedores de tecnologia, produtores de combustíveis sustentáveis, governos com políticas de incentivo e medidas macroeconômicas que permitam a benefício de toda a cadeia de valor", disse Manuel Macedo, presidente da Honeywell na região.
Ele explicou que a instalação de uma planta que produz e refina a SAF pode exigir investimentos de até um bilhão de dólares e um tempo de até cinco anos.
Ele admitiu que os preços dos combustíveis SAF são um desafio porque atualmente são mais altos do que o combustível fóssil, mas considera que, se nada for feito, o custo para a indústria aérea (sem fazer nada) será maior devido ao impacto que tem que seguir com o combustível fóssil tradicional, diante dos desafios ambientais.
A BSBIOS é a empresa brasileira que constrói a fábrica da Omega Green no Paraguai. Seu CEO ressaltou que estar na América Latina fazendo um projeto SAF é um grande desafio. "Acho que o grande potencial que temos é a matéria-prima. Somos grandes produtores da matéria-prima e esse é o nosso forte."
LATAM usará 5% da SAF produzida na região
Juan José Toha, diretor corporativo e de sustentabilidade da LATAM Airlines, explicou que a LATAM se comprometeu a reduzir suas emissões para alcançar o carbono neutro em 2050 e reduzir 50% de suas emissões até 2030. Ele acrescentou que eles precisam aumentar os níveis de eficiência. "Há espaço para melhorias. Precisamos de uma política de compensação de carbono e da SAF", disse ele, observando que esses elementos são gerados de forma virtuosa e ágil.
"Assumimos e declaramos nossa disposição de chegar ao ano de 2030 utilizando 5% da SAF produzida na região. Acreditamos que é o papel que a LATAM pode desempenhar, que é incentivar, dar um sinal claro, tanto para as políticas públicas quanto para os produtores, em termos de dizer aqui que há uma empresa que tem a vontade de avançar nessa linha e quer fazer isso, mas exige que haja produção a nível local para poder fazê-lo."
Manuel Macedo, da Honeywell Latin America, destacou que 90% das aeronaves operam com sua tecnologia. Em todos esses anos, especialmente na indústria aeroespacial, eles trabalharam com todas essas empresas para criar mais eficiência. Ele acrescentou que eles melhoraram a eficiência dos motores em 80% e em geral.
A empresa também é uma das mais importantes licenciadoras em tecnologias de combustível, não apenas novas como a SAF. Macedo ressaltou que o mundo libera 40 bilhões de toneladas de CO2, das quais apenas 2% vêm da aviação "Temos que procurar combustíveis que reduzam as emissões de CO2 e o uso de SAF seja uma das quatro ou cinco maneiras de fazê-lo".
Thorsten Lange, VP de Aviação Renovável da NESTE explicou que eles começaram a produzir SAF há quatro anos sem ter o apoio. A empresa está atualmente construindo mais duas refinarias, uma delas em Cingapura. "Estou falando de um negócio global que pode gerar um bilhão de toneladas até o próximo ano e mais 500 mil toneladas até o final de 2023", disse ele.
Os governos têm um papel fundamental na geração de políticas públicas adequadas e a ALTA vem enfatizando que é uma agenda de Estado que promove o desenvolvimento socioeconômico dos países por meio do transporte aéreo. Em termos de SAF, a ALTA está comprometida em trabalhar com os governos nessa agenda com foco em: atrair investimentos de longo prazo, proporcionando segurança jurídica, proporcionando incentivos à produção/consumo: similarmente aos biocombustíveis no transporte terrestre, financiamento de programas de produção da SAF: provisão de garantias, pesquisa e desenvolvimento na cadeia de suprimentos da SAF e acesso à infraestrutura essencial para a competitividade.