Companhias aéreas e empresas discutem o futuro sustentável da aviação na ALTA Fuel & Sustainability Conference
A segunda edição da Conferência reuniu representantes de 24 companhias aéreas que operam na América Latina e no Caribe, fornecedores e autoridades para abordar questões críticas relacionadas à produção, distribuição e fornecimento de combustível
15 mar. 2024
Bogotá, 15 de março de 2024 - A segunda edição da conferência ALTA Fuel & Sustainability reuniu representantes de 24 companhias aéreas que operam na América Latina e no Caribe, juntamente com fornecedores e autoridades. O principal objetivo do evento foi abordar questões críticas relacionadas à produção, distribuição e fornecimento de combustíveis na indústria da aviação. Além disso, foram discutidos os caminhos viáveis para alcançar uma operação mais sustentável, enfatizando as iniciativas ambientais, sociais e de governança corporativa que desempenharão um papel fundamental na promoção dessa pauta na região.
"Graças ao nosso modelo de negócios, em 2023 geramos 26% menos emissões por passageiro transportado em relação a 2019 e 20% menos emissões absolutas, enquanto atingimos cerca de 32 milhões de passageiros transportados em 2023, o maior número na história da Avianca", disse Felipe Gómez, Diretor de Relações Governamentais e Sustentabilidade da Avianca, durante sua intervenção no painel que tratou de ações operacionais e ESG que melhoram a estratégia de sustentabilidade das companhias aéreas.
"A sustentabilidade é um compromisso da empresa e nós o fazemos de forma responsável e realista para que a aviação não se torne um luxo, como era há alguns anos. Temos que pensar no usuário latino-americano e no grande progresso que fizemos para não retroceder. Nossa aposta é no acesso ao serviço aéreo em nossa região. Em 2023, 16% dos passageiros da Avianca foram pessoas que voaram conosco pela primeira vez. Espaços como este são fundamentais para nos conectarmos com entidades governamentais de vários países e entendermos que na América Latina temos desafios e realidades particulares que devemos enfrentar juntos", disse Gómez.
Diogo Youssef, Gerente Executivo de Eficiência da Azul Linhas Aéreas, destacou as ações da AZUL. "Nós temos mais de 40 iniciativas para gerar eficiência e trabalhamos com todas as áreas da empresa, o que nos tornou a primeira companhia aérea com metas aprovadas pelo SBTi. Essa abordagem integrada nos permitiu reduzir o consumo de combustível, melhorar as operações e nos tornar mais eficientes. Na América Latina, somos responsáveis por menos de 0,05% das emissões do planeta, mas o compromisso de sermos mais eficientes segue forte".
A Air France KLM está usando Inteligência Artificial (IA) junto com os pilotos para revisar todas as medidas operacionais, analisar cada voo, a trajetória, a velocidade e outros fatores que permitam entender como está o consumo de combustível e como podem ser geradas eficiências que contribuam para a sustentabilidade. "Queremos continuar a promover a produção de SAF não apenas globalmente, mas também na América Latina, porque vemos o potencial em países como a Colômbia, o impacto socioeconômico que teria e estamos prontos para colaborar para completar a estrutura legal necessária", disse Maristella Rodriguez, gerente de vendas da Colômbia para Air France-KLM.
Marco Larson, líder de sustentabilidade da SKY Airline, falou sobre a inclusão e a igualdade de gênero. "Cerca de 40% do conselho de administração da SKY é composto por mulheres. Também temos o programa "Woman Dare to Fly", que incentiva a participação de pilotos mulheres e, atualmente, mais de 10% dos nossos pilotos são mulheres. O compromisso com a inclusão, a educação e a sustentabilidade são fundamentais para a diretoria e para a empresa".
Para Stephano Gachet, diretor de fornecimento de combustível e taxas aeronáuticas da LATAM Airlines, o segredo é inovar e experimentar coisas novas. "Também é muito importante apoiar políticas públicas sustentáveis e justas. Na LATAM, estamos trabalhando em estreita colaboração com a equipe de assuntos corporativos sobre isso e, com o MIT (Massachusetts Institute of Technology), estamos fazendo um estudo para determinar as melhores práticas para promover o SAF nesta região".
"Na LATAM, temos um compromisso importante em nosso pilar de mudanças climáticas: ser 50% neutro em carbono para nossa operação doméstica até 2030 e 100% neutro em carbono até 2050. Conseguiremos isso por meio de eficiências de combustível, SAF, compensação de carbono e renovação da frota", reforçou Gachet.
Na mesma linha, Felipe Trujillo, gerente de produtos e petroquímicos da Ecopetrol, destacou os principais fatores para alcançar uma produção estável e em escala do SAF na Colômbia. “É necessário uma regulamentação técnica sólida, o uso de matérias-primas sustentáveis, o avanço contínuo da tecnologia, a implementação de políticas e incentivos governamentais, o estabelecimento de um processo eficaz de certificação, estratégias de marketing eficazes e a expansão da infraestrutura de distribuição aeroportuária”, pontuou.
Hidrogênio como alternativa
Além das discussões sobre sustentabilidade e eficiência de combustível, a conferência também incluiu um painel sobre a atualização do uso de hidrogênio na aviação, moderado por Carlos Mancilla, da H2 Colombia, e com representantes da Boeing, Airbus e Embraer.
À medida que o setor de aviação procura maneiras de se tornar mais sustentável, o hidrogênio está surgindo como uma opção para produzir energia limpa sem gerar emissões de carbono. No entanto, há desafios técnicos e logísticos que precisam ser enfrentados para viabilizar o uso do hidrogênio em larga escala na aviação.
"Precisaremos de algumas décadas para alcançar o voo com hidrogênio, especialmente para alcançar aplicações de voo comercial com aeronaves maiores. Ainda temos desafios em termos de projeto, operação e manutenção, aquisição e certificações", explicou Otavio Cavalett, diretor de Políticas Públicas e Parcerias de Sustentabilidade da Boeing para a América Latina e o Caribe.
Cesar Pereira, Assessor de Sustentabilidade e Estratégia da Embraer, afirmou que a empresa está estudando o tamanho mínimo das aeronaves para o uso do hidrogênio. “Acreditamos que a aplicação será primeiramente em aeronaves de até 50 assentos. No entanto, antes de falar sobre a aplicação, é importante falar sobre a necessidade do mercado", disse
Já Guillaume Gressin, vice-presidente de estratégia da Airbus, argumentou que não existe uma solução única. “Existem vários pilares para alcançar a sustentabilidade e estamos trabalhando lado a lado com suas oportunidades e desafios. Na Airbus, temos a meta de reduzir as emissões em 63% até 2030, em comparação a 2015, porque também usamos parafina em nossas operações. Estamos usando as soluções que estamos desenvolvendo. Este ano, já usamos 11% de SAF e, em 2030, usaremos 30%. Como fabricantes, temos que nos concentrar em que a tecnologia não seja uma restrição para o uso do SAF ou de outras inovações. Acreditamos que a América Latina será uma das primeiras regiões a ter hidrogênio devido à sua capacidade de produção e às principais rotas”.
(*) Uma visão regional
Em um contexto latino-americano, várias entidades, como a TOPSOE (companhia de tecnologias para redução de emissões de carbono), o Instituto Dominicano de Aviação Civil (IDAC) e o Conselho Técnico de Aviação Civil (CETAC) da Costa Rica, reconhecem a importância de avançar em direção a uma aviação mais sustentável e também mais acessível.
O representante da TOPSOE destacou o impacto da SAF nos preços das passagens e seu consequente impacto socioeconômico na região, o que ressalta a necessidade de buscar mecanismos eficientes e acessíveis para a população.
Por outro lado, o IDAC destacou o potencial de utilização de canaviais desativados para a produção de SAF, o que poderia gerar incentivos econômicos e ambientais significativos.
O CETAC, por sua vez, apontou para a colaboração regional e a necessidade de trabalhar em conjunto para criar um ambiente propício ao investimento em tecnologias e práticas de aviação mais sustentáveis. Esses esforços demonstram o compromisso compartilhado da região com um futuro mais verde e mais equitativo na aviação.
Com discussões enriquecedoras, oportunidades de networking e um compromisso renovado, a Conferência ALTA Fuel & Sustainability terminou com a promessa de uma nova edição em 2025. Agradecemos imensamente aos nossos patrocinadores Argus, Terpel, Exolum, Neste, World Fuel Services, AEG Fuels e SITA por tornarem este evento possível.