ALTA e ALA Bolívia alertam sobre o colapso iminente da conectividade aérea na Bolívia devido a medidas insustentáveis
Essas ações, que incluem a exigência de pagamentos divididos 50% em bolivianos (BOB) e 50% em dólares americanos (USD), pagamentos em espécie e a devolução de adiantamentos previamente realizados, representam um impacto direto na sustentabilidade das operações aéreas no país
11 dez. 2024
11 de dezembro de 2024 – A Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (ALTA) e a Associação de Linhas Aéreas da Bolívia (ALA Bolívia) alertam para a escalada de medidas impostas pela YPFB Aviación, um fornecedor estratégico para as operações aéreas no país. Essas ações, que incluem a exigência de pagamentos divididos 50% em bolivianos (BOB) e 50% em dólares americanos (USD), pagamentos em espécie e a devolução de adiantamentos previamente realizados, representam um impacto direto na sustentabilidade das operações aéreas no país.
Uma situação que começou com medidas restritivas
Há mais de um ano, as companhias aéreas na Bolívia vêm implementando estratégias para se adaptar à escassez de divisas, assumindo custos elevados com remessas internacionais que, em alguns casos, superam os 30%. No entanto, a imposição de pagamentos exclusivamente em dólares, em um contexto de limitada disponibilidade de divisas no sistema financeiro boliviano, levou o setor a uma crise sem precedentes.
Recentemente, a YPFB Aviación introduziu condições adicionais, como a devolução de adiantamentos e a exigência de pagamentos em espécie, colocando as companhias aéreas em uma posição insustentável. Essas medidas foram rejeitadas pelas companhias aéreas, e algumas já avaliam a possibilidade de encerrar suas operações na Bolívia, o que teria consequências catastróficas para a conectividade do país.
A aviação: um pilar econômico e social sob ameaça
A aviação na Bolívia é essencial não apenas pela conectividade que proporciona a um país sem acesso ao mar, mas também por seu impacto econômico. Em 2023, 70% dos turistas internacionais chegaram ao país por via aérea, gerando receitas equivalentes a 5,2% do PIB (USD 2,5 bilhões) e mais de 304.000 empregos. Além disso, o transporte aéreo é vital para o comércio internacional, uma vez que cerca de 50% da carga aérea é transportada em aviões de passageiros, facilitando exportações de alto valor.
Apesar de sua relevância, a conectividade internacional da Bolívia está 21% abaixo dos níveis pré-pandemia, com uma redução nas rotas internacionais ativas, que passaram de 23 em 2017 para 19 em 2023. Além disso, as companhias aéreas que operam rotas internacionais diminuíram de 11 para 10 no mesmo período e poderão ser ainda mais afetadas caso essas imposições persistam.
O impacto da desconexão aérea
Caso essa situação não seja revertida, a Bolívia enfrentará um colapso em sua conectividade aérea, afetando milhões de cidadãos, a economia nacional e o comércio exterior. Em 2023, as exportações totais somaram USD 13,6 bilhões, das quais 24% foram transportadas por via aérea. Apesar de seu baixo volume, o transporte aéreo é o segundo meio mais importante em termos de valor, depois do transporte terrestre.
Um chamado urgente para soluções imediatas
ALTA e ALA Bolívia instam as autoridades nacionais e os fornecedores estratégicos a tomarem medidas imediatas para garantir a continuidade das operações aéreas e preservar a conectividade do país.
Nesse sentido, exigimos:
- Estabelecer condições sustentáveis para as companhias aéreas, permitindo pagamentos em bolivianos, a moeda oficial do país, e eliminando qualquer exigência de pagamento em espécie.
- Garantir acesso prioritário a divisas para o setor de aviação à taxa de câmbio oficial, estabilizando as operações e evitando encargos onerosos.
- Iniciar um diálogo imediato entre autoridades, fornecedores e companhias aéreas para encontrar soluções viáveis e sustentáveis.
A ALTA e a ALA Bolívia reafirmam seu compromisso de colaborar com as autoridades e os atores do setor para garantir uma solução sustentável que preserve a conectividade aérea e o desenvolvimento econômico do país.